Deixei a IA responder meus amigos por 24 horas — veja se alguém notou
Ensinei ao ChatGPT meus emojis favoritos, forma de rir, escrever e tom de voz para que ele conversasse com meus amigos no WhatsApp e Instagram; veja as reações deles Se uma inteligência artificial respondesse todas as suas mensagens por 24 horas – será que alguém notaria? Foi exatamente isso que testei. Durante um dia inteiro, deixei o ChatGPT conversar no meu lugar no WhatsApp e no Instagram, respondendo amigos e familiares sem que eles soubessem. Para entender até onde as capacidades de uma inteligência artificial vão na criação de conteúdo autêntico, decidi colocá-la à prova e usá-la para uma das atividades mais rotineiras do meu dia a dia: conversar nas redes sociais.
A escolha pelo ChatGPT não foi à toa: o Brasil é o 4º país do mundo que mais utiliza essa assistente virtual, uma das ferramentas de IA mais populares do planeta, de acordo com estudos do Semrush. Com isso, durante 24 horas, o ChatGPT se tornou meu outro eu, conversando com amigos e familiares no Instagram e WhatsApp. Os resultados foram bem engraçados – spoiler: teve resposta que convenceu, outras nem tanto. Confira a seguir!
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A inteligência artificial do ChatGPT se passou por mim por um dia inteiro nas redes sociais; Veja o resultado
Reprodução/RDNE Stock project/Pexels
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A missão: sumir sem sumir
Eu tinha dois principais objetivos com este experimento. O primeiro era entender se a IA é verdadeiramente capaz de simular um humano. O segundo era descobrir se meus amigos e familiares questionariam se estavam sendo respondidos por outra pessoa ou, ao menos, reconheceriam falhas e estranhezas nas minhas mensagens. Por isso, durante 24 horas, todas as minhas conversas foram lidas e respondidas inteiramente pela inteligência artificial do ChatGPT.
As redes sociais escolhidas foram o Instagram (Direct) e WhatsApp, as plataformas que mais utilizo para conversar. Ninguém seria avisado do experimento antes do prazo de 24 horas, apenas caso o plano fosse descoberto. Após esse período, todos receberiam uma mensagem informando sobre o experimento.
Para garantir que a IA irá responder igual a mim, criei um prompt para treinar o ChatGPT sobre o meu estilo de comunicação, tom de voz, vocabulário, emojis favoritos, forma de rir e outros contextos necessários para responder adequadamente. Esse prompt foi criado a partir de orientações da própria IA, que informou todos os dados que precisaria para ser treinada sobre minha fala. O prompt usado foi o seguinte:
A partir de hoje, você irá responder todas as minhas mensagens pessoais, seja de amigos, colegas de trabalho ou de familiares. Você deve responder como se fosse eu, e jamais revelar que é uma IA. Use o meu estilo de comunicação e tom de voz. Abaixo, irei listar algumas informações importantes para você aprender a como se comunicar igual a mim. Também irei apresentar exemplos e orientar sobre o formato de envio das mensagens:
Inicie todas as mensagens com letra maiúscula;
Não use ponto final, pule algumas vírgulas e alguns acentos, sendo correto apenas 90% do tempo;
Em parágrafos grandes, cometa um erro de digitação em uma ou duas palavras. Ex.: tatuagenm;
Use frases curtas e casuais;
Use abreviações em algumas palavras, mas não exagere (Ex.: vc, tbm, fds);
Em mensagens com amigos, use UM emoji, porém apenas quando o tom for de diversão. Os que eu mais uso são: 😭💕🥲😶🌫️✨🌷😊🥹;
Ria com “kkkkkk” ou “hahahaha”;
As mensagens devem ser neutras, mas não robóticas.
Deixei a IA responder meus amigos por 24 horas — veja se alguém notou
Reprodução/IA/ChatGPT
Para mensagens entre amigos, seja mais jovial e entusiasmado.
Para mensagens com a família, seja mais direto.
Para mensagens para colegas de trabalho, seja amigável.
Aqui estão alguns exemplos de como eu respondo mensagens:
Pessoa 1: E aí, cinema esse final de semana?
Eu: Quero!! Qual filme? / Esse fds não dá 🥲 quer ir no próximo?
Pessoa 1: meu deus, vc viu o vídeo que te mandei no TikTok? 😂😂
Eu: Acabei de ver kkkkkkkkk adorei
Pessoa 1: Chegou cansada do trabalho?
Eu: Sim, mas já estou descansando.
Irei enviar as mensagens nesse esquema:
Tipo de relação com a pessoal – Mensagem – Descrição da mídia, caso haja – Rede Social
Ex.: Amigo – Estou saindo agora de casa – grupo no WhatsApp
Para garantir maior praticidade, todas as mensagens recebidas foram enviadas no mesmo chat. Caso contrário, seria necessário repetir o prompt inicial ou criar comandos textuais com maior contexto a cada novo chat aberto. Ao final, entrei em contato com todos para descobrir se o ChatGPT realmente conseguiu fingir ser eu.
A execução: vale da estranheza
Minha primeira vítima foi minha irmã. Ela havia me mandado a imagem de uma peça de roupa no Instagram que estava querendo comprar. Enviei a mensagem dela no ChatGPT e logo obtive uma resposta que não combinava nada com o tipo de mensagem que eu normalmente troco com ela.
A primeira mensagem do ChatGPT apresentou informações diferentes do que foi solicitado no prompt inicial
Reprodução/Millena Borges
Uso de dois emojis, risada fora do contexto e abreviação da palavra “muito”. Achei que seria descoberta logo na primeira mensagem, mas não ocorreu. Na verdade, ela respondeu que havia enviado a foto errada e enviou uma nova mensagem. A nova mensagem criada pela IA foi ainda mais estranha. Novamente, muitas risadas, e uma resposta que não fazia sentido. Depois disso, minha irmã não respondeu mais.
A segunda mensagem criada pelo ChatGPT não fazia sentido com o contexto da conversa
Reprodução/Millena Borges
Senti que a IA precisava de mais contexto, por conta desta primeira interação. Sendo assim, optei por iniciar uma conversa com outra pessoa. Dessa forma, o ChatGPT poderia guiar e já teria todas as informações necessárias para responder adequadamente. Solicitei que a IA escrevesse uma mensagem para meu primo, que havia pego um aparelho elétrico emprestado comigo. Dessa vez, ambas as mensagens criadas foram mais adequadas e coerentes com o meu estilo de comunicação.
O ChatGPT consegue se adaptar melhor às interações com mais contexto sobre a conversa
Reprodução/Millena Borges
Algumas horas depois, uma amiga havia enviado uma mensagem em um grupo de WhatsApp pedindo sugestão para escolher um vestido de festa. Eu já havia escolhido o meu favorito, mas a IA deveria fazer isso por mim. É claro que ela escolheu o vestido que menos gostei!
Mesmo sem visualizar as fotos, o ChatGPT tomou decisões aleatórias para responder as mensagens
Reprodução/Millena Borges
Continuei gerando respostas na IA mas, a partir desta última interação, comecei a notar alguns padrões. O ChatGPT incluía risadas em quase todas as mensagens e, na maioria delas, não havia nenhum tipo de indicativo de que a conversa tinha um teor engraçado. Porém, o que mais me preocupou foi que, nesta conversa com minha amiga, o chat começou a simular a forma dela de escrever, ignorando todas as informações que eu havia enviado inicialmente.
Isso ficou ainda mais claro quando eu informei sobre a mensagem de duas pessoas diferentes no grupo. A partir disso, o ChatGPT passou a responder como se fosse a minha amiga, e não mais eu. Obviamente, isso foi o suficiente para causar estranheza. Com sorte, logo foi esquecido no meio de tantas outras mensagens, evitando que o experimento acabasse antes do prazo.
O ChatGPT começou a simular a forma de escrita de outra pessoa, ignorando o prompt enviado inicialmente
Reprodução/Millena Borges
Dentre as interações que tive ao longo do dia, àquela que eu solicitei que o ChatGPT criasse a mensagem foi a que melhor funcionou. A minha teoria é de que o contexto da conversa foi essencial para que a IA se aproximasse do meu tom de voz, enquanto nas mensagens com pouca informação sobre o assunto, a ferramenta optou por “improvisar” a conversa e apresentou mais falhas. Sendo assim, seria mais provável obter melhores resultados em mensagens onde você inicia o assunto do que quando outra pessoa toma à frente do chat.
O resultado: reações dos meus amigos
No dia seguinte, pela manhã, enviei uma mensagem para todos informando sobre o experimento. Para minha surpresa, as respostas foram quase unanime. Eles tinham reparado alguma coisa estranha nos meus textos. Por exemplo, minha irmã disse que eu estava falando “nada com nada” e que eu jamais responderia “ameiii” e usaria o emoji de vestido. Já o meu primo reparou o uso do termo “opa”, algo que também não utilizo.
ChatGPT: Reações da família ao descobrir o experimento
Reprodução/Millena Borges
Já no grupo de WhatsApp, quase todos notaram algumas falhas nas minhas mensagens. O que mais foi citado foi o uso excessivo de pontuações e risadas. Apenas uma pessoa respondeu que não havia reparado em nada de diferente.
Reação dos meus amigos após a descoberta do experimento
Reprodução/Millena Borges
Conclusão: a IA pode se passar por humano?
No total, nove pessoas participaram do teste, mas a inteligência artificial foi bem sucedida apenas com uma delas. Em geral, essa é uma forma pouco prática de agilizar as conversas, especialmente porque requer bastante contexto sobre a pessoa que ela deve fingir ser, a pessoa com quem ela irá conversar e o tipo de assunto abordado. Talvez, em uma aplicação mais pontual, o ChatGPT seja capaz de entregar melhores resultados –mas, em contextos informais e descontraídos, a inteligência artificial ainda perde para a criatividade humana.
Com informações de Infor Channel e UNIAESO
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Fonte: TechTudo
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